terça-feira, 19 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Poder Superior

Um poder superior a mim mesma, uma energia na qual eu possa me apoiar, uma força que suporte o peso de meus problemas e me ajude. Do meu contato com meu Poder Superior é da onde retiro força para lidar com minha vida, nos altos e baixos que aparecem em minha caminhada.
Estou vivenciando uma nova e encantadora experiência religiosa. Sinto-me protegida e abençoada durante cada momento do meu dia. Minha religião, antes indefinida e destoante da minha real crença, hoje me ajuda a suportar a carga diária de acontecimentos. Nas mãos do meu Poder Superior, do modo como eu o concebo, é onde entrego meu destino, futuro e espectativas. Hoje eu não tenho mais medo do futuro, pois tenho um Deus bondoso e misericordioso que vai fazer com que tudo na minha vida aconteça da melhor maneira possível.
Eu sempre havia me sentido perdida, abandonada. Sentia-me como um semi-Deus grego bastardo do pai, entregue à própria sorte e sem a mão do Pai para guiar-me. Hoje sinto-me uma Divina Humana, abençoada a cada pulmão de ar novo que posso respirar, vendo a beleza de estar não só viva, mas vivendo cada momento que é uma dádiva do meu Pai.
Esse sentimento que tenho hoje em relação ao meu Poder Superior tem me garantido paz interior. Me ajuda na questão "aceitar as coisas como são" (pois TODAS as coisas vão acontecer na minha vida no tempo Dele e para o meu bem), me ajuda a começar bem o meu dia (pois minha prática religiosa toma conta da minha primeira meia hora do dia) e me dá todo o amparo necessário para que eu possa ter 24h felizes, serenas e agradáveis, vivendo assim uma vida plena.
Não importa qual seja o seu Poder Superior, o que é necessário é que você tenha algo em que confiar. Entregue-se e solte-se.. o peso de seus problemas será menor, as soluções aparecerão e as coisas tomarão rumos às vezes inimagináveis, mas que levarão da melhor maneira ao objetivo ideal, à prosperidade e a uma serena felicidade.
Funciona para mim.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Buscando equilíbrio


As 24 horas de hoje foram incríveis. Sem segredo ou mesmo mistérios.. simples. Foram 24 horas sóbria. Tive altos e baixos, mas os aproveitei e enfrentei completamente sóbria. Receber boas notícias ou sentir alegria requer tanta atenção quanto quando sinto frustração ou tristeza. Eu usava drogas para anestesiar meus sentimentos ruins a para comemorar os bons. Eu vivia para usar e usava para viver. Tudo era motivo para entorpercer-me. Não havia em meu ser possibilidade de não usar, nem perspectiva de vida sem droga. Ela estava acoplada em qualquer plano, meta ou pretensão.
Não pensava em viver sem, custasse o que fosse. Então comecei o "desfiz" em minha vida. Me desfiz do que possuía em prol de mais uma dose. Me desfiz da minha moral para ter só mais um pouco. Me desfiz da minha saúde para usar só mais uma vez. Esse desfiz em minha vida a estava desfazendo. Eu estava em estado de decomposição ainda viva. Eu havia me tornado a própria droga que eu usava e destruía tudo à minha volta.
Hoje tenho como essencial a eterna busca por equilíbrio, pois descobri que que "não há bem que dure ou mal que perdure", ou seja, o bem coexiste com o mal, o bom com o ruim.. e assim é a vida, oscilando entre os extremos e permitindo-nos procurar o equilíbrio a cada momento. Tem sido minha busca e é minha meta, nesta nova vida que tenho hoje.

domingo, 10 de outubro de 2010

PRIMEIRO PASSO

"Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, que nossas vidas haviam se tornado incontroláveis."
A admissão é o primeiro passo. Aceitar a impotentência perante o álcool e as drogas. Quando eu pedi ajuda eu havia chegado ao meu fundo de poço. Não havia mais perspectivas em minha vida. Eu me agarrava à beira do abismo com apenas dois dedos de uma das mãos, meus pés não sentiam nada a não ser o vazio do precipício chamado fim. Lembro me que já não aguentava mais. Não aguentava mais nada. Então pedi ajuda. Dentro da primeira instituição em que fui internada por minha mãe vim a conhecer os doze passos. Dei então o primeiro passo.. aceitei, admiti que havia perdido para minha minha adicção. A possibilidade de que eu era doente e que não fosse uma simples sem-vergonha me atraiu. Podia assim me permitir tratar essa doença. Logo me entresteci ao saber que essa doença, a adicção, não tinha uma cura. Não era como pegar uma gripe ou ter pedra nos rins, onde certo tempo de tratamento ou mesmo uma cirurgia viessem a remover de mim a doença. Era como a Aids ou como o diabetes. Descobri que a adicção faria parte de mim até o fim dos meus dias e que a única coisa que caberia a mim era manter minha doença estática e não voltar a fazer uso de nenhuma substância que alterasse meu humor. Qualquer porção que fosse.. Um gole de cerveja vai desencadear uma sucessão de outros goles e fazer com que meu alcolismo fique ativo novamente. Uma tragada num baseado, o mesmo. Um carreiro de pó, por mais que eu pensasse e me manipulasse para que fosse só um, faria com que eu após este uso estivesse nas mãos de um traficante novamente, deixando com ele meu dinheiro, celular, câmera digital ou até mesmo este notebook que uso agora. Ou seja, eu não poderia usar nem um pouquinho novamente. Acredito que esta parte foi a mais difícil de aceitar.
Eu queria tanto poder tomar um gelo com amigas na festa do findi, tomar uma latinha de Brahma após um dia de trabalho estressante, tomar um cálice de vinho com aquela pessoa especial (main jaanu) num ambiente romântico, antes de fazer amor. A idéia de NÃO PODER NEM MAIS UM POUQUINHO, confesso, até hoje me é conflitante. Chego a me flagrar diversas vezes durante o dia me manipulando para beber, pelo menos só um pouquinho.
Hoje sei por experiência própria que um gole da bebida alcólica que for pode acabar com a minha vida, pois depois desse gole inicial vem um alcolismo ativo que vai me levar novamente às bocas de fumo, às agulhas sujas e à vida à margem da sociedade.
Eu sou uma adicta, sou impotente à minha adicção. Minha vida estava incontrolável. Hoje estou abstinente, retomando minha recuperação. Venho de uma recaída. Há 5 meses e meio atrás eu dei ouvidos à voz manipuladora da minha dooença que me dizia que eu podia tomar só um copo de cerveja. Deste copo quase veio a morte, porque eu permiti minha doença ficar ativa novamente. Foram 4 dias vivendo novamente no inferno da adicção ativa.
Só por hoje estou decidida a me manter sóbria, fazendo sempre que necessário o primeiro passo, quantas vezes for preciso durante o dia. Só por hoje!
Estar sem uso de nenhuma substância que me altere por mais de cinco meses é apenas uma consequência do que tenho feito diariamente da minha vida. Diariamente faço e refaço este primeiro passo.
Desejo a todos os leitores, adictos ou não, mais 24 horas de bons momentos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Matéria Diário Popular 16/jun/2010

Matéria publicada na pg. 03 do jornal Diário Popular de Pelotas/RS - 16/jun/2010
circulação estadual
matéria na íntegra

"O EXEMPLO DE QUEM DEU A VOLTA POR CIMA

Agora, Andrea Maria Rodrigues, 28, não tem mais receio nem vergonha de mostrar a cara e divulgar a identidade. Foram nove meses de internação na comunidade terapêutica localizada no município de Montenegro. Voltou para Pelotas em janeiro, início do ano e começo de uma nova vida. A história com o crack ficou no passado e nas lembranças que servem como incentivo para seguir adiante.
O contato com a droga começou após o fim do casamento de seis anos. 'Fui trocada por uma menina de 13 anos', lembra. Bebeu para esquecer. No início cerveja, depois uísque e para finalizar o experimento de drogas, vício em crack e influência no tráfico. Um ano e quatro meses afundada em um mundo à parte.
Irreconhecível, raspou o cabelo para não ser identificada por grupos de traficantes opostos ao seu. Foi ameaçada, quase degolada, viu corpos de colegas estendidos no chão e, em uma das ações, chegou a ser presa. 'Só saí quando resolvi procurar minha família e pedir ajuda. Tenho certeza que se tivesse continuado, hoje já não estaria aqui', diz.
Depois de 52 dias de desintoxicação no Hospital Espírita, Andrea seguiu para a comunidade terapêutica. Durante o tempo de internação recebeu um tratamento baseado na disciplina, espiritualidade e tarefas de uma rotina de trabalho. Hoje, vibra com os mais de 360 dias sem drogas e a possibilidade de servir de exemplo para as mulheres que ainda não encontraram ajuda.
Para quem não pode pagar. a dica é se engajar em grupos de ajuda e acreditar que a vida pode voltar a valer a pena. 'Existem muitas associações de apoio e troca de experiências, tanto para a família como para os usuários. Eles servem como uma luz para quem estava perdida como eu.' "