quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O caminho

O caminho. Palavra simples, porém de amplo significado para mim. Do caminho que eu traçar e seguir é que terei o meu momento. Momentos bons provém exclusivamente do caminho que trilho. Não há como andar pelo caminho fácil e largo e ter uma vida gratificante. Meu caminho é árduo, estreito e difícil. Este meu caminho que traço e sigo é o caminho do bem. É mais fácil ser rude, desonesta, mentirosa. Como é difícil ser sincera... falar a verdade sempre. Como é difícil falar ao invés de gritar, sorrir ao invés de latir. Mas este árduo caminho do bem é o que me retorna todas as coisas boas em minha vida. É através deste caminho que posso receber as bênçãos de ter de volta tudo que faço aos outros e ao mundo.
Para mim não há outra forma de encontrar a felicidade.
Só por hoje: Serei transparente e honesta, me esforçarei para ser educada. Serei agradável e direi apenas verdades. Só por hoje vou dar o melhor de mim, pois certamente isto vai retornar, como já o acontece há algum tempo.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A CAMINHADA

Nesta caminhada encontro bifurcações e dificuldades. Mas o que fazer se é este caminho que devo trilhar? Não saio da estrada, primeiramente. Em segundo lugar, por mais difícil que possa estar tudo, eu não páro de caminhar. Das pedras eu desvio cuidadosamente, pois não posso enfiar o pé em buracos logo atrás delas. Ter uma mão irmã na qual eu possa me apoiar me mostra que vale a pena enfrentar os momentos difíceis, pois dias melhores virão.
Eu sigo hoje decidida a continuar esta caminhada, sóbria.
Minha vida e vontades entregues nas mãos de meu Poder Superior me iluminam a cada momento. Sem esta luz facilmente me perderia do rumo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Antiga vizinha


"A morte tornou-se vizinha e rondava-me. Costumava bater em minha porta antes da meia noite. Oferecia chá e café e queria ter-me de conselheira. Sempre que ia a frente mostrava meu futuro. Quando me fazia olhar para trás abanava com o véu de minha cegueira em suas mãos. Quando andou ao meu lado senti seu hálito, energia e poder. Amiga, ela nunca me tocou. Enquanto fora minhha vizinha, não a temi."

Eu tinha a morte de vizinha por meu próprio modo de vida. Não era a morte que havia se instalado ao meu lado e sim eu que havia passado a morar ao seu. Viver ao lado da morte é uma prática nossa, dos dependentes químicos, quando permitimos, mediante o uso, a atividade da nossa doença. Nós nos mudamos para a casa ao lado da casa da morte. Cruzamos por ela toda hora. Bebemos no mesmo bar que ela e pegamos droga no bico que ela frequenta. Fumamos a mesma marca de cigarro e preferimos os mesmos ambientes. Quando usamos, nós a procuramos, e não ao contrário como pensam alguns.
Na atividade da nossa doença, é com a morte que compartilhamos a seringa do pico no ligeirão na casa do parceria. É a morte que passa a segundona da lata fumegante. É atrás da morte que vamos quando, apesar de não aguentar mais usar, usamos só mais um pouco.
Morte, antiga vizinha. Ainda cruzo por ela, mas muito raramente. Eu me mudei pra outra casa, já há algum tempo. Foi escolha minha. Eu decidi. Claro que não posso dizer para a morte por onde ela pode ou não pode andar, aliás, não posso dizer isso a ninguém. Mas eu pude me afastar dela, retardar a possibilidade do seu toque. Desta maneira, serei tocada pela morte no tempo de Deus e não mais no tempo do Diabo, como eu arriscava a cada instante e a cada uso, na época que eu tinha a morte como minha vizinha.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dias negros

Dias negros aqueles. Tormenta, trevas, sujeira. Defeitos de caráter estimulados, crescidos e aumentados. Eu vivi no inferno. Vivia incertezas diárias e só tinha um objetivo. Usar mais. Fosse mais uma dose ou a saidera, o importante e necessário era estar fazendo uso. Quando não tinha mais, o objetivo era adquirir. Quando tinha era usar. Um círculo doentio de busca, compra e uso. Não se saía desse carrossel de auto-destruição. Quanto mais eu usava, maior ficava minha tolerância à substância e mais ativa minha doença. Mais era a palavra chave. Mais gramas necessárias, mais doses diárias. Mais horas acordada, a milhão. Mais gastos. Mais destruição física, mental e espiritual. Mais velocidade, mais vontade. Os dias se emendavam e as noites eram, ou muito longas, ou curtas demais. Sem meios termos. Tudo eras ou não eras. Ausência total de equilíbrio. Concentração apenas no que se referia ao uso. Planos magníficos eram bolados em segundos. Estratégias dignas de um bom e maluco filme de ficção surgiam como uma estrela cadente, riscando forte o céu, marcando a retina, surprendeendo e impressionando, mas ao mesmo tempo tendo um fim tão rápido quanto sua aparição. Para fazer mais uso, passava na cabeça todas as opções possíveis e pensáveis, cabíveis ou não, lícitas ou amorais.
Dias negros aqueles em que eu não me amava. A cada uso um pouco mais de destruição. A cada uso uma roleta-russa. O que deveria durar 100 indo a 10 ia a 1000... Dias negros aqueles.
Hoje estes dias fazem parte de um passado de lembranças que me ajudam a manter-me como estou hoje, em recuperação. Lembrar-me das loucuradas, do constante suicídio, do nada em que eu havia me tornado, fortalece minha vontade de continuar em sobriedade.

sábado, 6 de novembro de 2010

Decisão

E está tomada a decisão mais importante da minha vida. Manter-me sóbria a qualquer preço. Esta decisão me mantém viva. Cada momento, cada instante. A cada 24 horas que eu decido manter-me sóbria tenho um leque infinito de possibilidades nas minhas mãos. Tudo posso, basta querer. Esta decisão é diária e as vezes precisa ser tomada várias vezes durante um mesmo dia. Por exemplo, hoje pela manhã, logo após acordar, fui invadida por uma insuportável vontade de beber. Esta vontade era muito forte. Sentia como se eu não pudesse sobreviver este dia se não fizesse uso de bebida alcólica. Então eu, após um breve conflito de vozes em minha cabeça, tomei a decisão de que nas próximas 24 horas eu poderia fazer qualquer coisa, execto fazer uso de qualquer substância que alterasse meu humor. Funcionou, só por hoje. Consegui manter-me sóbria por mais um dia, no dia mais importante da minha vida, mantive-me sóbria no dia de hoje.
Amanhã, não importa como eu me acorde, tenho uma decisão importante a tomar. A decisão que vai salvar minha vida. Com a ajuda do meu Poder Superior, do meu padrinho, de companheiros de irmandade e de um programa perfeito e maravilhoso de 12 passos, vou tomar a decisão certa. Vou decidir que por mais um dia, por mais 24 horas vou manter-me limpa e serena, sóbria. Vou decidir viver. Minha decisão será a favor da minha vida. Mais 24 horas de boas decisões a todos os leitores.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Só por hoje..

Os dias passam, coisas diversas acontecem. Não há um dia igual ao outro. A cada amanhecer coisas novas, novas possibilidades, novos caminhos se mostram. Ter a oportunidade de traçar o próprio rumo e tomar as próprias decisões é imensamente prazero para mim. Eu tudo posso na minha vida, desde que eu me mantenha sóbria. Esta nova concepção de vida é tudo para mim. Se tornou o modo como penso, vivo e ajo. Recuperação: vivê-la, sentir seus frutos.
Mas não é só de alegrias que vive um adicto em recuperação. A vida tem suas várias facetas. Dificuldades sempre vão existir, porém encará-las de frente e vivendo em sobriedade é a melhor maneira possível e cabível. Em momentos de dificuldade a voz da doença tenta falar e manipular para que se faça uso da substância tal.. para sentir-se melhor, para diminuir o peso do problema, pode-se ter um milhão de desculpas diferentes e tentadoras. Permitir essa voz falar torna mais difícil a caminhada em abstinência, principalmente com pouco tempo na vida sóbria. Eu costumo calar essa voz, não permito deixar que ela me seduza. Seu timbre, dentro de minha cabeça, é doce, meigo. A voz é tão querida.. mas não permito que fale, não para mim, só por hoje.
Essa voz manipuladora costuma visitar meu pensamentos quando está tudo bem demais também. Em momentos de alegria intensa e satisfação vem uma vontade de celebrar... E essa vontade é de celebrar com um copo na mão, na maioria das vezes. O só por hoje entra de sola nessa vontade, me ajuda a não enlouquecer. Não beber nunca mais é um fardo pesado demais para mim, inconcebível. Então só por hoje, lembrando que hoje é o dia mais importante da minha vida, não vou tomar aquela dose inicial de bebida alcólica, que desencadearia a atividade da minha doença novamente, trazendo o inferno aos meus dias.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Poder Superior

Um poder superior a mim mesma, uma energia na qual eu possa me apoiar, uma força que suporte o peso de meus problemas e me ajude. Do meu contato com meu Poder Superior é da onde retiro força para lidar com minha vida, nos altos e baixos que aparecem em minha caminhada.
Estou vivenciando uma nova e encantadora experiência religiosa. Sinto-me protegida e abençoada durante cada momento do meu dia. Minha religião, antes indefinida e destoante da minha real crença, hoje me ajuda a suportar a carga diária de acontecimentos. Nas mãos do meu Poder Superior, do modo como eu o concebo, é onde entrego meu destino, futuro e espectativas. Hoje eu não tenho mais medo do futuro, pois tenho um Deus bondoso e misericordioso que vai fazer com que tudo na minha vida aconteça da melhor maneira possível.
Eu sempre havia me sentido perdida, abandonada. Sentia-me como um semi-Deus grego bastardo do pai, entregue à própria sorte e sem a mão do Pai para guiar-me. Hoje sinto-me uma Divina Humana, abençoada a cada pulmão de ar novo que posso respirar, vendo a beleza de estar não só viva, mas vivendo cada momento que é uma dádiva do meu Pai.
Esse sentimento que tenho hoje em relação ao meu Poder Superior tem me garantido paz interior. Me ajuda na questão "aceitar as coisas como são" (pois TODAS as coisas vão acontecer na minha vida no tempo Dele e para o meu bem), me ajuda a começar bem o meu dia (pois minha prática religiosa toma conta da minha primeira meia hora do dia) e me dá todo o amparo necessário para que eu possa ter 24h felizes, serenas e agradáveis, vivendo assim uma vida plena.
Não importa qual seja o seu Poder Superior, o que é necessário é que você tenha algo em que confiar. Entregue-se e solte-se.. o peso de seus problemas será menor, as soluções aparecerão e as coisas tomarão rumos às vezes inimagináveis, mas que levarão da melhor maneira ao objetivo ideal, à prosperidade e a uma serena felicidade.
Funciona para mim.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Buscando equilíbrio


As 24 horas de hoje foram incríveis. Sem segredo ou mesmo mistérios.. simples. Foram 24 horas sóbria. Tive altos e baixos, mas os aproveitei e enfrentei completamente sóbria. Receber boas notícias ou sentir alegria requer tanta atenção quanto quando sinto frustração ou tristeza. Eu usava drogas para anestesiar meus sentimentos ruins a para comemorar os bons. Eu vivia para usar e usava para viver. Tudo era motivo para entorpercer-me. Não havia em meu ser possibilidade de não usar, nem perspectiva de vida sem droga. Ela estava acoplada em qualquer plano, meta ou pretensão.
Não pensava em viver sem, custasse o que fosse. Então comecei o "desfiz" em minha vida. Me desfiz do que possuía em prol de mais uma dose. Me desfiz da minha moral para ter só mais um pouco. Me desfiz da minha saúde para usar só mais uma vez. Esse desfiz em minha vida a estava desfazendo. Eu estava em estado de decomposição ainda viva. Eu havia me tornado a própria droga que eu usava e destruía tudo à minha volta.
Hoje tenho como essencial a eterna busca por equilíbrio, pois descobri que que "não há bem que dure ou mal que perdure", ou seja, o bem coexiste com o mal, o bom com o ruim.. e assim é a vida, oscilando entre os extremos e permitindo-nos procurar o equilíbrio a cada momento. Tem sido minha busca e é minha meta, nesta nova vida que tenho hoje.

domingo, 10 de outubro de 2010

PRIMEIRO PASSO

"Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, que nossas vidas haviam se tornado incontroláveis."
A admissão é o primeiro passo. Aceitar a impotentência perante o álcool e as drogas. Quando eu pedi ajuda eu havia chegado ao meu fundo de poço. Não havia mais perspectivas em minha vida. Eu me agarrava à beira do abismo com apenas dois dedos de uma das mãos, meus pés não sentiam nada a não ser o vazio do precipício chamado fim. Lembro me que já não aguentava mais. Não aguentava mais nada. Então pedi ajuda. Dentro da primeira instituição em que fui internada por minha mãe vim a conhecer os doze passos. Dei então o primeiro passo.. aceitei, admiti que havia perdido para minha minha adicção. A possibilidade de que eu era doente e que não fosse uma simples sem-vergonha me atraiu. Podia assim me permitir tratar essa doença. Logo me entresteci ao saber que essa doença, a adicção, não tinha uma cura. Não era como pegar uma gripe ou ter pedra nos rins, onde certo tempo de tratamento ou mesmo uma cirurgia viessem a remover de mim a doença. Era como a Aids ou como o diabetes. Descobri que a adicção faria parte de mim até o fim dos meus dias e que a única coisa que caberia a mim era manter minha doença estática e não voltar a fazer uso de nenhuma substância que alterasse meu humor. Qualquer porção que fosse.. Um gole de cerveja vai desencadear uma sucessão de outros goles e fazer com que meu alcolismo fique ativo novamente. Uma tragada num baseado, o mesmo. Um carreiro de pó, por mais que eu pensasse e me manipulasse para que fosse só um, faria com que eu após este uso estivesse nas mãos de um traficante novamente, deixando com ele meu dinheiro, celular, câmera digital ou até mesmo este notebook que uso agora. Ou seja, eu não poderia usar nem um pouquinho novamente. Acredito que esta parte foi a mais difícil de aceitar.
Eu queria tanto poder tomar um gelo com amigas na festa do findi, tomar uma latinha de Brahma após um dia de trabalho estressante, tomar um cálice de vinho com aquela pessoa especial (main jaanu) num ambiente romântico, antes de fazer amor. A idéia de NÃO PODER NEM MAIS UM POUQUINHO, confesso, até hoje me é conflitante. Chego a me flagrar diversas vezes durante o dia me manipulando para beber, pelo menos só um pouquinho.
Hoje sei por experiência própria que um gole da bebida alcólica que for pode acabar com a minha vida, pois depois desse gole inicial vem um alcolismo ativo que vai me levar novamente às bocas de fumo, às agulhas sujas e à vida à margem da sociedade.
Eu sou uma adicta, sou impotente à minha adicção. Minha vida estava incontrolável. Hoje estou abstinente, retomando minha recuperação. Venho de uma recaída. Há 5 meses e meio atrás eu dei ouvidos à voz manipuladora da minha dooença que me dizia que eu podia tomar só um copo de cerveja. Deste copo quase veio a morte, porque eu permiti minha doença ficar ativa novamente. Foram 4 dias vivendo novamente no inferno da adicção ativa.
Só por hoje estou decidida a me manter sóbria, fazendo sempre que necessário o primeiro passo, quantas vezes for preciso durante o dia. Só por hoje!
Estar sem uso de nenhuma substância que me altere por mais de cinco meses é apenas uma consequência do que tenho feito diariamente da minha vida. Diariamente faço e refaço este primeiro passo.
Desejo a todos os leitores, adictos ou não, mais 24 horas de bons momentos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Matéria Diário Popular 16/jun/2010

Matéria publicada na pg. 03 do jornal Diário Popular de Pelotas/RS - 16/jun/2010
circulação estadual
matéria na íntegra

"O EXEMPLO DE QUEM DEU A VOLTA POR CIMA

Agora, Andrea Maria Rodrigues, 28, não tem mais receio nem vergonha de mostrar a cara e divulgar a identidade. Foram nove meses de internação na comunidade terapêutica localizada no município de Montenegro. Voltou para Pelotas em janeiro, início do ano e começo de uma nova vida. A história com o crack ficou no passado e nas lembranças que servem como incentivo para seguir adiante.
O contato com a droga começou após o fim do casamento de seis anos. 'Fui trocada por uma menina de 13 anos', lembra. Bebeu para esquecer. No início cerveja, depois uísque e para finalizar o experimento de drogas, vício em crack e influência no tráfico. Um ano e quatro meses afundada em um mundo à parte.
Irreconhecível, raspou o cabelo para não ser identificada por grupos de traficantes opostos ao seu. Foi ameaçada, quase degolada, viu corpos de colegas estendidos no chão e, em uma das ações, chegou a ser presa. 'Só saí quando resolvi procurar minha família e pedir ajuda. Tenho certeza que se tivesse continuado, hoje já não estaria aqui', diz.
Depois de 52 dias de desintoxicação no Hospital Espírita, Andrea seguiu para a comunidade terapêutica. Durante o tempo de internação recebeu um tratamento baseado na disciplina, espiritualidade e tarefas de uma rotina de trabalho. Hoje, vibra com os mais de 360 dias sem drogas e a possibilidade de servir de exemplo para as mulheres que ainda não encontraram ajuda.
Para quem não pode pagar. a dica é se engajar em grupos de ajuda e acreditar que a vida pode voltar a valer a pena. 'Existem muitas associações de apoio e troca de experiências, tanto para a família como para os usuários. Eles servem como uma luz para quem estava perdida como eu.' "

quinta-feira, 27 de maio de 2010

De bem, de boa

A maior dificuldade do ser humano está na capacidade de se manter feliz. Nessa inconstância, completamente normal, vivemos um dia após o outro.
As vezes alegres em demasia, as vezes mugrados de dar dó. Sim, humanos, nós, inconstantes.
O segredo da felicidade está ... AONDE CARAMBA?
Bom queridos leitores, eu só posso dizer o que funciona para mim. Para mim, Andrea M, dependente química cruzada, em busca de recuperação um dia de cada vez, vivendo meus altos e baixos como todos... Para mim?
#Para mim estar bem e de boa é ter uma vida repleta de honestidade. Honestidade em primeiro lugar, comigo MESMA! Em consequência, honesta com as pessoas ao meu redor.
#Uma relação próspera com meu Poder Superior me dá a segurança nos meus passos, a cada dia que passa mais firmes e precisos.
#Pessoas com quem eu posso contar, a qualquer hora, ao meu redor. Minha rede de amigos é uma teia, nela me seguro e com cada um destes fios posso contar. Caso um fio arrebente, volto um pouco e sigo na teia, sem me soltar.
#Santa disciplina!!! Ela às vezes parece monótona e perversa... mas não é a sua imagem real. A disciplina me dá a borda de segurança que eu preciso para ter uma vida tranquila, sem ela, nada funciona direito.
#Atividades, ocupações saudáveis, momentos para leitura ou atividade favorita. Tudo de bom.
Pois é, para mim é assim que consigo estar bem e de boa. O segredo eu não sei. Só sei o que tem funcionado.
Que todos vocês possam ter bons momentos de alegria em suas vidas! Só por hoje eu vou continuar fazendo o que dá certo para mim.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Meu nome é Joe


Filme Inglês, com cenas de violência e consumo de heroína, retratando o dia-a-dia de um alcóolatra e de dependentes químicos em abstinência, buscando viver em sobriedade seus recomeços e percalços. O filme retrata a rotina de uma sala de A.A., o programa de 12 passos e o Só Por Hoje.

Joe, o alcoolista e ator principal do filme, é perseguido por um fiscal da previdência que quer provar que ele tem outras rendas, tentando assim cancelar seu benefício. Penso que se houvessem fiscais deste tipo aqui no Brasil, muitos beneficiados se dariam mal, pois são raros aqueles que não tem um serviço ou trabalho paralelo ao seu benefício.
Joe se apaixona por uma assistente social, que trabalha no posto de saúde, palco de várias cenas do filme. O namoro tem seus altos e baixos e não é o foco principal do filme.

Um casal amigo de Joe enfrenta um sério problema, uma enorme dívida de drogas. Joe, comovido com a gravidade da situação, se envolve, cometendo um crime que poderia levá-lo para a cadeia por muito tempo... carrega para o patrão uma grande quantidade de droga.

Vendo que perderia sua amada, quer sair fora, não quer mais fazer, mas a circunstância toda foi muito cretina com Joe. Em tentativa de humilhar Joe, um capanga fala exatamente o que Joe não estava afim de escutar naquele momento e Joe perde a serenidade, botando tudo a perder.

O filme tem um final emocionante, que não conto de jeito nenhum!!!


ASSISTAM A ESSE FILME! Se já o assistiu, assista de novo, desta vez bem acompanhado e com uma bacia de pipoca do lado. Vale a pena!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Eu, por mim mesma

Em busca do meu eu, ora me recriando, ora em nostalgia, sigo minha caminhada. A vida em sobriedade me surpreende a cada 24 horas. Surpresas internas e externas, das quais venho tendo os privilégios de me conhecer um pouco mais e de me permitir ascender como SER HUMANO, em contínuo crescimento e em eterna evolução.
A vida humilde, o dito feijão com arroz, aí está! Sentir-se feliz com as coisas simples é uma arte, que para mim requer base sólida. Esta base precisa desta constituição: Disciplina, Trabalho e Espiritualidade. Pode parecer simples, mas saber é uma coisa e pôr em prática é outra. A diferença é proporcional à diferença do inferno ao paraíso, e só estando lá para saber... No meu caso o aprendizado foi pela dor, como com a maioria dos dependentes químicos.

Eu, Ser em mutação, metamorfoseando-me só por hoje. Não só viva, mas Vivendo.

Não esqueçam: Disciplina, trabalho e espiritualidade. Se faltar UM, tá feita a merda, desestrutura-se a base e esta finda.
Valeu? Para mim tem valido muito. Tem valido minha vida.

domingo, 2 de maio de 2010

Guerreiro da luz 2 - poesia

Aniversário de dor, de perda. Data cruel, cretina, perversa.
E o guerreiro de luz parte em nova jornada, indeciso. A força que ambos tínhamos, ele não tem mais. Da morte não se volta. Então o guerreiro chora, sofre e cai.
Querido irmão, no teu lugar eu não seria tão forte. No teu lugar eu não resistiria nem cinquenta centavos. No teu lugar... Óh irmão, não consigo me colocar; perdão!!!
Forte e firme em seu propósito voltas, ergue-te. Coragem!
Te amo irmão!
Obrigado!
Levantando mostras a força que tens.
Lutando mostras que vale a pena.
Vivendo mostras que funciona.
Te amo irmão!
Obrigado!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Então eu vou de novo

De novo, novamente na luta de estar só por hoje sóbria e serena. E é a minha luta pessoal, minha batalha, a guerra na qual vivo.
Todos dizem "levanta a cabeça", e assim tenho feito. Olhares de julgamento foram vários, cruéis, bárbaros, doloridos. A mão estendida dos amigos é que me mostraram que eu posso ficar de pé de novo e que eu não estou sozinha... Tamu junto!
Vou de novo, vou iniciar do primeiro passo, vou viver um dia de cada vez, vou ficar sem usar drogas e álcool só por hoje, vou alimentar minha espiritualidade e vou pensar primeiro em mim. Eu vou me erguer de novo. Eu já me ergui. Só por hoje.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ressaca medicamentosa - vol.II

Mais de 30 horas após a anestesia local. Senti muita vontade hoje de tomar remédio para dor e estive durante todo o dia bem mugrada. Apesar disso tudo, tive bons momentos e que me alegraram, como o carinho dos meus amigos... Ah, amigos! Sim! O que seria de mim sem eles?
Estão sempre presentes, atenciosos. Uns ligam, outros me visitam, uns conversam comigo por chats, outros me mandam mensagem de texto, de voz, enviam e-mails e imagens... Enfim! Tive todas essas experiências com meus amigos hoje.
Voltando à ressaca, mantive firmes em minha mente as palavras de meu padrinho. Só eu sei a sensação divina que sinto após uma superação. Este prazer é imenso e não passageiro. É único e gratificante. É meu.

Ressaca medicamentosa - vol.I

Tive pesadelos, tirei meus piercings e baguncei toda a cama durante meu sono. Tontura, dor de cabeça, dores pelo corpo, mau humor e desarranjo fizeram parte dos meus primeiros momentos do meu dia.
Ontem fui ao dentista e tive que fazer anestesia local no dente que recuperei. Tive uma leve sensação de abstinência, ontem mesmo, algumas horas após a anestesia. Lutei contra minhas vontades de ficar na cama e não cumprir minhas obrigações e fui feliz.
Estou sem concentração e irritada.
Mas o incrível é que eu tenho um programa e só por hoje vou seguí-lo.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O bom estar bem

Sentir-se assim, simplesmente. Ter bons acontecimentos na vida, estar rodeada de boas companhias, ter um bom relacionamento familiar, ter uma boa saúde.
Olhar-se no espelho e realmente ver-se, gostar da imagem ali exposta. Ver a própria vida como uma bênção e a sanidade como uma recompensa de uma luta diária.
Não ter planos e sim certezas. Saber que tudo é perfeito. Saber que se é importante para algumas pessoas. Saber da importância do dia de hoje.
Como é bom estar bem. Como é bom!

Esses dias falei numa partilha que parecia que eu gostava de sofrer, pois me senti mal por tudo estar bem. Um grande e importante amigo me abriu os olhos para o FATO de que na realidade, a palavra certa não é "gostar", mas sim estar "acostumado" com isso.
Pensar no pior, alimentar rancores e mágoas, não aceitar atitudes alheias, iniciar discussões sem fundamento, ser desonesto, trair confiança... Resultam inevitavelmente em baixa auto-estima, campos energéticos "bélicos", solidão (daquela que não te larga, mesmo rodeado por todos) e, como treva atrai treva, acontecimentos tristes virão, brigas sérias por motivos à toa, desunião e afastamentos dolorosos.

O bom estar bem é o resultado de uma série de atitudes. Lembrando que a atitude gera-se na mente, acredito que pensamentos (que posteriormente se tornarão atitudes) devem ser lapidados, trabalhados, condicionados; Devem vibrar sempre positivamente. Pensando no bem, ele surge. Eu sei, pois vivo isso a cada dia e a cada momento. Divina prática que tem o resultado do bom ESTAR BEM.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Guerreiro da Luz - poesia

E ele saiu decidido, ia usar.
Desespero, perda, dor, motivos...
eu queria gritar, queria sacudi-lo e tirar a vontade dele de usar, mas não, não podia, não ia funcionar.
Gritei em silêncio e senti uma bola na garganta. Sua dor se tornou minha, seu desespero meu. Irmão amado, ia se perder. Estava a caminho do inferno e eu indo para meu templo. Despi meus pés, pedi chuva aos céus e chorei sangue.
No altar do meu templo, meus feitiços. Pagãos, poderosos, meus. Só meus.
Despi meu corpo, lavei minha alma. O sangue parou.
Ó terrível, porque nos corrói? Puto, cruel, vai-te. Sai dos meus, deixa-nos viver. Cretino. A desgraça carregas em forma de pó, vai-te, eu rogo!
Mas a corneta tocou, e trouxe de volta o irmão, amado irmão.
Bem-vindo, sangue do meu sangue, de volta.
A dor ainda está lá em seu coração. A amada não mais ao seu lado.
Seja forte Guerreiro da Luz, ainda tens muitas almas para ajudar.
O terrível não vai desistir de apagar tua luz, mas eu estarei sempre acendendo uma vela pagã, em meu altar, em teu nome. Guerreiro da Luz, força irmão!

Vida normal?

Pois é!
Tão difícil, porém muitíssimo fácil sim!
Logo pela manhã, veja só: Exame de sangue...
Se eu quiser ver dificuldades e impecílios, com certeza eles parecerão incrivelmente enormes. O fato de coletar sangue, por exemplo, poderia ser uma catástrofe... Mas não foi!
O enfermeiro, muito experiente, achou um acesso venoso próximo ao meu cotovelo. Isso remete minhas lembranças à um recente passado de drogadição, mutilação e destruição.
Minha vida hoje não é difícil, pelo contrário... nunca foi tão fácil, tão boa e tão saudável; Nunca fui tão feliz! Minha vida é honesta e completa.
Posso não ter ou nunca vir a ter uma vida normal, mas não troco a vida que eu tenho hoje por nada neste mundo; Nem pela vida medíocre que eu levava antes da minha drogadição, onde acreditava ser feliz, não sendo e acabando por fim a procurar a auto-destruição, nem pela minha vida loka, onde extravasei, liberando de dentro do meu ser um monstro destrutivo e cruel.
Pois é! Vida normal? Talvez hoje eu a esteja vivendo... ou não.

domingo, 7 de março de 2010

Um ano e um dia

Pois é... Um ano de vida nova

Às vezes parece que foi ontem que tomei minha primeira chapa as vera.
Mas não foi.
Não tenho mais boas lembranças daqueles momentos, não sei se foi muita prática ou se simplesmente não há como ter boas lembranças daqueles dias negros.

Só de pensar em:
A loucura que dava, hoje me dá nojo;
O pegar uma peteca no bico com o traficante, me enche de repulsa;
Vender minhas coisas, credo!

Essas coisas eu sinceramente não quero mais na minha vida.
E sou grata por cada dia que passa e eu continuei sóbria.