sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

IMPOTÊNCIA

Ser impotente e sentir-se impotente. Somos impotentes ao que nos cerca, às vontades e desejos alheios. Não temos controle algum no outro. Isto é uma verdade que não se restringe apenas ao adicto, mas a todo ser humano.
Aceitar esta impotência é a parte mais difícil. Eu, por exemplo, estou tendo dificuldade para aceitar que uma pessoa com tudo nas mãos para mudar a própria vida e com todas oportunidades de se tornar uma nova pessoa, esteja neste exato momento ainda usando crack, bebendo martelos de cachaça no buteco e terminando com sua vida. Não aceito que essa pessoa não se interne, fique numa comunidade e se trate. Eu consegui ficar! Eu me tratei por 9 meses e por diversas vezes quis desistir. Mas minha força para me recuperar sempre foi maior. É difícil aceitar que os outros prefiram a miséria conhecida da drogadição ativa do que a assustadora incerteza da recuperação.
Como diz a Oração da Serenidade: "(...) aceitar as coisas que não posso modificar (...) modificar aquelas que eu posso (...)"; E eu só posso modificar a mim mesma.
Por mais que eu queira que outra pessoa pense diferente, aja diferente, queira mudar.. só posso estender a mão para aquele que tem o real desejo de parar de usar, aquele que realmente queira mudar, e não posso, nem devo ficar absorvendo problemas de uma pessoa que não queira parar de usar e pense, a cada uso, que "desta vez vai ser diferente".
E só por hoje eu vou continuar modificando o que eu posso, que é a mim mesma. Só por hoje devo me manter em recuperação e continuar crescendo, mesmo que doa (pois crescer dói mesmo). Aos outros com suas vontades próprias e à minha adicção, admito que sou impotente. Vou me permitir sentir isto, no dia de hoje.

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